ABERT lança Relatório sobre Violações à Liberdade de Expressão/2022

O Brasil continua nas listas mundiais de nações perigosas para o exercício do jornalismo

 

Em 2022, o Relatório ABERT sobre Violações à Liberdade de Expressão voltou a registrar dois casos de assassinato de jornalistas pelo exercício da profissão. Desde que a ABERT começou a monitorar os casos de agressões contra profissionais de comunicação, em 2012, apenas em 2019 e 2021, a imprensa brasileira não foi atingida pela forma mais letal de violência.

Foram registrados ainda 137 casos de violência não letal, que envolveram pelo menos 212 profissionais e veículos de comunicação.

O número significa que, a cada dois dias, a imprensa brasileira sofreu algum tipo de ataque.

O Relatório da ABERT teve a parceria da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), e apoio da Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER), da Associação Nacional de Jornais (ANJ), e do Instituto Palavra Aberta.

Em 2022, as agressões físicas estiveram no topo da lista de violações ao trabalho jornalístico.

Foram 47 casos contra os 34 do ano anterior, um aumento significativo de 38,24%.

O número de vítimas também subiu de 61 para 74, um aumento de 21,31%.

O Relatório aponta ainda uma incidência maior dos vários tipos de agressões em períodos específicos e com viés político.

Os ataques em várias cidades brasileiras ocorreram, em sua maioria, nos dias seguintes ao segundo turno da eleição presidencial, durante a cobertura dos protestos contra o resultado do pleito, em defesa de um golpe militar, e durante a desmobilização de acampamentos em frente aos quartéis do Exército.

Casos de importunação sexual, que anteriormente não foram registrados, voltaram a aparecer no mapa da violência.

Também os casos de censura e ataques e vandalismos tiveram aumentos de 100% e 25%, respectivamente.

 

O Brasil continua nas listas mundiais de nações perigosas para o exercício do jornalismo.

 De acordo com dados da organização internacional Repórteres sem Fronteiras (RSF), no período de 2003 a 2022, 42 jornalistas perderam a vida no Brasil. Na maioria dos casos, a motivação dos assassinatos estava diretamente relacionada a denúncias e investigações de crime organizado e corrupção.

Ao lado de México, Colômbia e Honduras, o Brasil figura entre os 15 países da América Latina que registaram o maior número de casos de assassinatos de jornalistas nas últimas duas décadas.

Já o Observatório de Jornalistas Assassinados da UNESCO aponta que, em 2022, 87 profissionais da mídia foram mortos em todo o mundo, um a cada quatro dias.